segunda-feira, 7 de abril de 2008

Um país monolíngüe em um mundo poliglota

Muitas pessoas hoje no Brasil já começam a perceber que falar inglês fluentemente é pré-requisito para a obtenção de um bom emprego. É cada vez maior a procura por cursos de inglês por parte de profissionais que desejam melhorar suas qualificações.

Uma pesquisa realizada pelo SINPRORP – Sindicato dos Profissionais Liberais de Relações Públicas no Estado de São Paulo - revelou que o profissional que fala o idioma pode receber salário até 4,6 vezes maior em relação àqueles que não falam a língua inglesa. E empresas de grande porte como algumas multinacionais já começam a requisitar o conhecimento de duas línguas estrangeiras, normalmente o inglês e o espanhol.
Isso se deve à intensificação do comércio mundial e do intercâmbio cultural e científico entre países do mundo inteiro. Em outras palavras, a globalização.

O Brasil, entretanto, continua lingüisticamente muito aquém de suas potencialidades. Há décadas, o ensino de língua estrangeira deixou de ser obrigatório na rede pública, e acabou sendo encarado como uma "atividade didática", que não exige freqüência ou atenção às aulas. Nas escolas particulares, o ensino de inglês e espanhol se tornou um diferencial, chegando alguns estabelecimentos a terceirizar as aulas, por meio de cursos livres de idiomas. O resultado é que o adolescente brasileiro em geral não vê a importância da fluência em língua estrangeira, e só vem a perceber a dimensão do problema na fase adulta, quando já está em plena competição no mercado de trabalho. Nesse momento, o aprendizado de inglês passa a ser um motivo a mais de preocupação e angústia na já estressante rotina dos candidatos a emprego.

A conseqüência mais imediata é a busca pelo aprendizado rápido e em detrimento da preparação adequada e do estudo necessário. Na guerra pela conquista de alunos, às vezes o vencedor é o curso de inglês que promete ensinar a falar rápido e "sem dever de casa". Mas para se manter uma conversação de negócios é necessário mais do que conhecimentos básicos de gramática e de expressões coloquiais.

O inglês falado em situações de trabalho no mundo dos negócios - o Inglês Comercial ou Business English - é mais formal do que o inglês falado em situações informais do dia-a-dia, além de conter um vocabulário próprio de termos técnicos de administração, contabilidade, marketing, economia, etc. Já o inglês usado por profissionais do Direito - o Inglês Jurídico ou Legal English - é muito formal, caracterizado por frases longas e estruturas de gramática complexas, além de um vocabulário desconhecido por leigos - até mesmo por leigos cuja língua materna é o inglês. Tanto o Inglês Comercial quanto o Inglês Jurídico requerem dedicação ao estudo, por parte do aluno, e comprometimento com a qualidade das aulas, por parte do professor.

Sem essa aliança, o Brasil nunca conseguirá se inserir totalmente no mundo seleto dos países ricos e desenvolvidos. A comunicação perfeita e eficaz no mundo dos negócios e das relações internacionais é essencial para a proteção dos interesses econômicos e políticos de um Estado, de seus cidadãos e empresas. Disso bem sabem países como a Alemanha, a Suíça, a Holanda e outros países desenvolvidos da Europa, que não têm o inglês como língua oficial, mas nunca se descuidaram do ensino de idiomas em suas escolas fundamentais.