quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Brasil sem Inglês perde investimentos multinacionais


É "chover no molhado" dizer que os executivos de negócios no Brasil estão perdendo oportunidades de ótimos empregos por não falarem Inglês. A (má) novidade é que o Brasil como um todo está perdendo com isso: multinacionais estão preferindo abrir subsidiárias em outros países, como a Costa Rica e a Argentina (em vez do Brasil), porque nesses locais encontram-se mais facilmente executivos bilíngües.

É o que revela uma reportagem intitulada "Não tem perhaps", publicada na revista Você S.A. de agosto de 2008. A matéria traz diversos exemplos recentes dessa lamentável perda. A HP, a multinacional americana de computadores, desistiu de abrir um centro de serviços em São Paulo. E quem levou a melhor foi a Costa Rica, que com isso lucrou 5,000 empregos para jovens recém-formados na área de informática. Jair Pianucci, diretor de Recursos Humanos da HP, explica que na Costa Rica, que só tem 4,3 milhões de habitantes, é comum encontrar milhares de trabalhadores que falam perfeitamente Inglês - ao passo que no Brasil, país com uma população muito maior, profissionais realmente bilíngues são raros, mesmo entre os executivos de negócios.

A multinacional alemã de tecnologia SAP decidiu construir seu centro de serviços compartilhados na Argentina. E o Brasil perdeu mais 50 vagas para profissionais. A SAP Brasil também interrompeu os investimentos no seu centro de desenvolvimento de software em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.

Álvaro Cyrino, professor de estratégia e internacionalização da Fundação Dom Cabral, em Belo Horizonte, aponta outras barreiras: o Brasil tem custos muito altos de produção, infra-estrutura e impostos. Some-se a isso a carência de trabalhadores bilíngües (mais disponíveis em outros países vizinhos) e lá se vai mais um investimento que poderia ter ficado no Brasil.

Nosso blog Inglês Comercial e Jurídico gostaria de lembrar aos leitores que tanto na Argentina como na Costa Rica o Inglês não é língua materna nem oficial. Portanto, se esses países têm mais profissionais bem formados, com certeza isso se deveu a esforços e a investimentos realizados por seus governos e sociedades. O Brasil poderia ser mais competitivo se encarasse a barreira da língua como um urgente desafio a ser vencido, em vez de ignorar o problema. Falar bem um idioma - estrangeiro ou materno - é uma questão de estrutura de ensino, investimento correto em educação.

Há dois anos a multinacional indiana Tata teve grande dificuldade ao montar seu escritório aqui no Brasil: não havia gente qualificada o suficiente para se comunicar em Inglês. A empresa alemã Siemens ainda tem vagas abertas aqui em sua filial brasileira - as vagas não são preenchidas por causa da carência de pessoas fluentes no idioma.

A revista Você S.A. prossegue com observações importantes, feitas por experts em Recursos Humanos, de que não se trata somente de "se comunicar em inglês" - é essencial que o profissional tenha um bom nível de expressão no idioma, que o permita efetivamente conversar e realizar negócios em inglês (inclusive com falantes nativos), redigir corretamente documentos e e-mails, etc.

O Brasil perde quando fica fora dos planos de expansão e investimento de grandes corporações, que poderiam estar estabelecidas aqui, gerando empregos e divisas. E nossos profissionais também perdem, quando ficam sem a oportunidade de uma experiência de trabalho numa empresa multinacional de grande porte e tecnologia de ponta.

É hora de pronunciarmos nosso "Abre-te, Sésamo" - pensar no estudo de idiomas como uma chave que abrirá muitas portas para o Brasil no mercado internacional, e ajudará a trazer o desenvolvimento de que nosso país tanto necessita.

LINK:
Revista Você S.A.
http://vocesa.abril.com.br/edicoes/0122/aberto/materia/mt_293211.shtml